Já ouviu falar em WLTP? Ou comprou recentemente um carro e descobriu que ele consome mais do que foi inicialmente anunciado pela marca?
Neste artigo, saiba mais sobre este procedimento que já está em vigor desde 2018, e descubra porque é que existem discrepâncias entre o consumo automóvel oficial e o consumo real.
WLTP: o que é?
O WLTP é a sigla que se refere ao Worldwide Harmonized Light-Duty Vehicles Test Procedure. Em português, significa Procedimento de Teste Global Harmonizado para Veículos Ligeiros.
Este procedimento está em vigor desde 2018 para todos os veículos que foram matriculados pela primeira vez. O WLTP substituiu, assim, o anterior procedimento – o NEDC (Novo Ciclo Europeu de Condução) – e veio dar a todos os consumidores uma visão mais precisa sobre os dados de consumo e de emissões de CO2.
Isto é possível porque o WLTP introduziu uma série de testes e procedimentos globais para medir:
- consumo de combustível,
- as emissões de CO2,
- outras emissões poluentes,
- o consumo de combustível ou energia,
- e a autonomia elétrica.
O WTLP aplica-se apenas a veículos ligeiros de passageiros e comerciais. Trouxe uma uniformização das práticas e de testes feitos aos automóveis novos na União Europeia, aproximando-os da condução em condições reais.
Como funciona o WLTP?
Este procedimento agrupou os veículos em três classes distintas, consoante a sua relação peso-potência e a distância percorrida durante o teste. De forma a obter resultados mais rigorosos e precisos, o WLTP introduziu as seguintes alterações:
- Tempo de duração do teste de emissões: a duração do ciclo passou a ser de 30 minutos, em vez de 20.
- Ciclo de testes: em vez de haver um ciclo único, passou a haver um ciclo dinâmico, mais representativo da condução em circunstâncias reais.
- Distância do ciclo: a distância percorrida durante o teste aumentou de 11 para 23.25 quilómetros.
- Fases de condução: No WTLP são contempladas 4 fases de condução (Low, Medium, High e Extra High speed). Durante cada uma destas fases, são medidas diferentes situações (travagens, acelerações, paragens) que simulam as várias situações que acontecem durante uma condução no quotidiano. À combinação de todas estas fases dá-se o nome de ciclo de condução. Para além disso, 52% dos testes são realizados em circuitos urbanos e 48% em circuitos extraurbanos.
- Velocidade média: passou a ser de 46.5 km/h, em vez de 34 km/h.
- Velocidade máxima: passou a ser de 131 km/h em vez de 120 km/h.
- Influência de equipamentos opcionais: as características adicionais e específicas de cada veículo passaram a ser consideradas nos testes.
- Alteração de mudanças: no WLTP são considerados os diferentes pontos de alteração de mudanças para cada veículo, em vez de pontos fixos.
- Temperatura de teste: as medições que antes eram realizadas entre os 20°C e os 30°C, passaram a ser feitas sempre a 23°C. Os valores de CO2 também foram corrigidos para 14°C.
Para além destas alterações introduzidas, desde 2018 que todos os fabricantes têm ainda de medir as emissões dos seus automóveis em situação reais de condução (RDE — Real Driving Emission). Nos testes RDE, as emissões de poluentes (como o óxido de nitrogénio) e as partículas finas têm de ser medidas em estrada aberta para informações mais realistas.
Qual a diferença entre WLTP e NEDC?
O NEDC (European Driving Cycle) era um processo que já estava em vigor desde 1992 e que, portanto, precisava de uma atualização. O NEDC baseava-se em perfis de condução teóricos, enquanto que o WLTP define condições de ensaios mais rigorosas e um perfil de condução dinâmico. O que quer isto dizer para o consumidor? Que a informação declarada pelas marcas fabricantes vai ser mais realista.
Com isto, grande parte dos carros com motores de combustão passaram a registar valores superiores de consumo de combustível e de emissões. Já os carros elétricos e híbridos plug-in, passaram a ter uma vida útil de bateria mais reduzida. Não obstante, o condutor sabe com o que pode efetivamente contar.
A performance anunciada vai ser sempre igual à real?
Não. Apesar de este novo procedimento de testes ser mais realista e ter em conta situações reais de condução, não cobre todas as variações possíveis.
Fatores como a temperatura exterior, as condições da estrada, ou o estilo de condução do condutor vão ter impacto na performance e no consumo do automóvel. Se não se inibe de carregar a fundo no acelerador ou de travar de repente, os seus consumos serão provavelmente mais altos. Já um condutor mais conservador, que pratica uma condução mais defensiva e constante, poderá registar valores de desempenho e consumo mais interessantes.
Porém, seria impossível conseguir um valor universal 100% fiel à realidade. O WLTP é, assim, um procedimento que ajuda qualquer comprador a ter uma visão mais clara e realista do que pode esperar do seu novo automóvel.