Sabia que existem carros que usam gás natural veicular como combustível? E não, não é o mesmo que o GPL.
Ainda que seja um tipo de combustível pouco conhecido e que a rede de abastecimento seja parca, esta é uma solução que pode ser uma alternativa interessante ao uso de combustíveis tradicionais. Afinal, todas as alternativas são bem-vindas para acelerar a transição energética e para atingir as metas ambientais propostas para o setor automóvel.
Neste artigo, descubra mais sobre este tipo de combustível e sobre as especificidades da sua utilização.
O que é o gás natural veicular?
Normalmente, nas empresas com frotas automóveis. A transição energética é um pouco mais simples para os automóveis particulares (e podemos observar isto através do visível aumento de veículos eletrificados nas estradas portuguesas) mas, no caso das empresas e dos veículos pesados, este é um desafio maior. Assim, o recurso a combustíveis alternativos – como o gás natural veicular ou o gás natural liquefeito – acaba por ser uma boa solução. Para além disto, existem vários benefícios fiscais para as empresas que usam o GNV (uma vez que é um combustível mais amigo do ambiente), nomeadamente:
- a redução da tributação (7,5%, 15% e 27,5% em cada um dos três escalões, em vez de 10%, 27,5% e 35%);
- a redução do Imposto Único de Circulação (IUC);
- a dedução do IVA (dedução de 50% do IVA pago na aquisição de viaturas até 37.500 euros);
- a dedutibilidade de gastos com as depreciações (até 9.375 euros/ano).
Quais são as vantagens associadas à sua utilização?
Apesar de não ser muito comum encontrar carros a gás (especificamente a GNV) nas estradas portuguesas, existem efetivamente algumas vantagens associadas à utilização deste combustível alternativo:
- O gás natural veicular emite menos CO2 do que os combustíveis tradicionais (diesel ou gasolina);
- Os carros a GNV também costumam durar mais. Isto acontece porque o seu sistema de injeção é mais limpo e evita entupimentos e outros problemas com as peças. O GNV também não se mistura com o óleo lubrificante, o que acaba por ser uma vantagem adicional que faz com que ele permaneça limpo durante mais tempo.
- À semelhança do GPL, é bastante seguro. Para além das condições de armazenamento serem fidedignas, em caso de fuga, este gás – como é mais leve do que o GPL – acaba por dissipar-se muito facilmente no ar. E como tem um odor muito característico, é fácil perceber quando há uma fuga.
- O preço do GNV é mais baixo do que o preço do diesel ou da gasolina;
- É permitido o estacionamento em parques subterrâneos.
E as desvantagens?
Mas nem tudo são pontos a favor. As principais desvantagens associadas à utilização do gás natural veicular como combustível são:
- Naturalmente, a falta de pontos de abastecimento. Em Portugal, segundo dados disponibilizados pela GPL, existem menos de 20 postos de abastecimento. Um número que é claramente insuficiente.
- Um motor que funcione com GNV (GNC em viaturas ligeiras e GNL em veículos pesados) pode ter menos 15 a 20% de rendimento do que um motor a GPL, que tem um maior poder calorífero.
- Para além disto, como se trata de um tipo de combustão “a seco”, o GNV também pode dar origem a problemas com a lubrificação interna do motor e danificar algumas peças devido ao maior atrito.
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Como converter um carro a gasolina para GNV?
Da mesma forma que é possível converter um carro a gasolina para GPL, também é possível fazer a conversão para GNV. Apesar de ser menos frequente, esta transformação pode ser feita através da aquisição de um kit GNV. A partir daqui, basta encontrar uma oficina especializada com conhecimento técnico que consiga instalar o sistema de GNV no seu automóvel.
GNV vs GPL: qual é, afinal, a diferença?
Os carros a gás podem usar tanto GPL como GNV. Ambas as opções são soluções importantes para facilitar a transição energética e cumprir com as metas ambientais estabelecidas. As principais diferenças que interessa manter em mente são:
- Forma: O gás de petróleo liquefeito apresenta-se num estado líquido, enquanto que o gás natural veicular assume um estado gasoso.
- Valor térmico: o GPL tem maior poder calorífico do que o GNV, o que se reflete na performance do motor.
- Armazenamento: o GNV é armazenado através de uma compressão do gás a alta pressão (200 bar), ao contrário do GPL que é armazenado em pressões baixas (entre 95 e 110 bar). Isto faz com que os tanques de armazenamento de GNV sejam mais sólidos e pesados.