Sempre que circulam na estrada, os carros clássicos não passam despercebidos. São veículos muitos distintos e, por norma, pertencem a verdadeiros entusiastas do mundo automóvel. Mas também há quem considere os carros clássicos para venda um bom investimento. Em todo o caso, importa perceber o que caracteriza estes veículos e quais são os requisitos que precisa de cumprir para poder desfilar com um clássico na estrada.
O que são carros clássicos?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a idade não é a única característica que define um carro clássico. Este é um conceito muito mais abrangente e, inclusive, existem veículos em produção atual que já são considerados um clássico.
Os clássicos podem ser definidos como automóveis que, independentemente do seu ano de produção, são intemporais. Isto pode dever-se às suas características únicas (sejam elas técnicas ou estéticas) ou a outros fatores como, por exemplo, a sua importância histórica. Uma coisa é certa: falamos sempre de automóveis que se distinguem completamente da produção corrente.
A diferença entre carros clássicos, antigos e históricos
Enquanto que a definição de carros clássicos é mais ampla, os carros antigos ou históricos são conceitos muito mais objetivos.
Os carros antigos dizem diretamente respeito à idade de um veículo e, de acordo com a ACP, este termo foi escolhido “quando começaram a surgir as primeiras manifestações no sentido de preservar veículos obsoletos em termos tecnológicos, mas de valia histórica ou afetiva”.
Já os veículos históricos são “veículos de estrada acionados mecanicamente que têm, pelo menos, 30 anos de idade, sendo conservados e mantidos em condições corretas de um ponto de vista histórico, não sendo utilizados como meio de transporte no dia-a-dia e que fazem, por essa razão, parte da herança técnica e cultural”. Esta é a definição oficial da Federação Internacional dos Veículos Antigos (FIVA), aceite pela Comissão Europeia, e que tem vindo a ser adotada em vários países.
A FIVA definiu ainda diversas categorias de Veículo Históricos que vão desde a Classe A/ Pioneiros (veículos construídos antes de 31 de dezembro de 1904) até à Classe H (veículos construídos entre 1 de janeiro de 1981 e 31 de dezembro de 1990).
A importância da certificação de carros clássicos
Se tem (ou se comprou) um Veículo de Interesse Histórico (VIH) e quer certificá-lo como tal, deve recorrer a entidades oficialmente reconhecidas pelo Despacho 10 298/2001 de 17 de maio. São elas: o Clube Português de Automóveis Antigos, o Automóvel Clube de Portugal ou o Museu do Caramulo.
Qualquer uma destas entidades será capaz de lhe dar informações sobre o processo de certificação, ou mesmo sobre carros clássicos para restaurar com potencial de valorização, se o seu objetivo for realizar um bom negócio. As seguradoras também costumam ter uma lista de carros considerados clássicos, para facilitar a consulta desta informação.
Mas por que motivo é aconselhável certificar um carro clássico? É que para além do seu estatuto ser reconhecido como tal perante as seguradoras (aspeto muito importante em caso de conflito), o seu proprietário pode usufruir de benefícios fiscais e, inclusive, circular em Zonas de Emissões Reduzidas.
O custo desta certificação varia entre os 50 e 75 euros.
É necessário contratar um seguro automóvel específico?
Para poder circular na estrada é obrigatório ter um seguro de responsabilidade civil obrigatório, e os carros clássicos não são exceção. Porém, existem seguros específicos para os VIH aos quais pode recorrer. Estes produtos incluem serviços de assistência específicos e conferem uma proteção adicional ao veículo, esteja ele em circulação ou guardado na garagem.
Como guardar carros clássicos de forma apropriada?
E por falar em “guardado na garagem”, não se esqueça que é importante ter alguns cuidados extra com o seu carro clássico. Afinal, é esperado que ele passe algum tempo parado.
Nunca guarde o seu clássico sem que todos os aspetos relacionados com a manutenção automóvel estejam tratados. Garanta que o óleo está nos níveis recomendados e que o depósito de combustível não está na reserva. Não abdique de uma boa lavagem (já que a sujidade pode ser corrosiva), nem se esqueça de lubrificar todas as fechaduras. Também é aconselhável ligar o carro semanalmente durante alguns minutos para que a bateria permaneça em bom estado.
Se tiver de estacionar o seu carro na rua, escolha estrategicamente um bom local (de preferência movimentado). Também pode cobrir o automóvel com uma capa protetora, a fim de o proteger das agressões do exterior.
Ler mais: “5 Cuidados a ter com um carro parado há muito tempo”
Quais são os benefícios fiscais em vigor para carros clássicos?
Os benefícios de ter um Veículo de Interesse Histórico não se limitam ao prazer de conduzir um clássico. Também existem vantagens fiscais, nomeadamente:
Isenção da Inspeção Periódica Obrigatória (IPO)
Este benefício vigora durante todo o período de validade da certificação. Para usufruírem da isenção da IPO, os carros clássicos devem ser de um modelo já não fabricado, com pelo menos 30 anos, e devem permanecer no seu estado original (ou seja, sem características técnicas alteradas).
Isenção do pagamento do Imposto Único de Circulação (IUC)
Todos os veículos importados de um país da União Europeia, cuja primeira matrícula seja anterior a 1981, estão isentos de IUC. Após esta data, os Veículos de Interesse Histórico também podem usufruir da isenção do pagamento deste imposto se tiverem, pelo menos, 30 anos de idade e se estiverem devidamente certificados.
Ler mais: “Imposto único de circulação: sabe o que é e quanto paga?”
Os carros clássicos para venda são um bom investimento?
Se está à procura de carros clássicos para venda ou de carros clássicos para restaurar saiba que, como qualquer outro investimento, é uma jogada que acarreta sempre alguns riscos. Se, em 2018, o especialista IPO que as pessoas com mais de um milhão de euros em ativos líquidos deviam investir em carros clássicos para conseguirem um bom retorno com garantia de estabilidade de valor, hoje em dia, o cenário é bem diferente.
Num contexto económico europeu frágil e com os valores da inflação a baterem recordes históricos, há quem aconselhe prudência no investimento. Tudo dependerá da sua situação e da sua disponibilidade financeira para investir.
Mas uma coisa é certa: esta é sempre uma boa forma de diversificar a sua carteira de ativos ou, nem que seja, de ter um pouco de diversão ao volante.